sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Lisboa, 22 de Setembro de 2006

Hoje estou na Biblioteca Nacional a continuar a minha investigação para a dissertação de Mestrado. Ao consultar o Mangual boletim informativo que a Escola Secundária Felismina Alcântara, na altura de Mangualde, publicava.
No n.º 1 de 1990 encontrei um artigo interessante do Dr. Alexandre Alves em que ele traça a história da Feira em Mangualde.

Diz ele logo a abrir que foi “A pedido da Câmara concelhia, [que] o Príncipe D. Pedro (futuro Rei D. Pedro II), ‘Regente e Governador dos Reinos de Portugal e dos Algarves”, por alvará expedido de Lisboa, em 16 de Dezembro de 1681, concedia licença para que em Mangualde se fizesse uma feira anual em dia de S. Julião (9 de Janeiro), orago da Freguesia, e um mercado mensal, junto da Igreja Matriz, nos arrabaldes da Vila.”
Ao ler este artigo lembrei-me logo do que se escreveu sobre a Feira Medieval de Mangualde e o seu rigor histórico.
Se aliarmos este artigo do Dr. Alexandre Alves ao facto de nos forais de Zurara nunca aparecer referida uma feira, e ao facto de a Prof.ª Virginia Rau no seu estudo sobre as Feiras Medievais não referir Azurara, chegamos facilmente à conclusão de que é descabido fazer uma Feira Medieval em Mangualde, ainda para mais invocando figuras históricas que trouxeram o foral até estas terras, entre 1109 e 1112.

Seria preferivel recriar apenas a vinda dos tais cavaleiros com o foral e/ou um "scriptorium" medieval onde se demonstra-se como era a escrita naquela época. Esta segunda hipótese é bastante barata de se concretizar, cerca de 100 contos em moeda antiga ou nem isso. E apenas o material de escrita não poderia ser utilizado em anos seguintes. Todo o scriptorium e vestes do escriba seriam reutilizáveis. Era uma forma de propocionar aos nossos estudantes uma verdadeira aula viva de história.

4 Comments:

Al Cardoso said...

E por essas e por outras, e que eu escrevi a tempos no: aquid'Algodres, sobre as feiras medievais. (post de 25 de Agosto)
Algo me dizia que estavamos a copiar-nos uns aos outros, sem grande verdade historica.

Anónimo said...

Pois é, caro Pedro.
O dito Alvará está disponível on-line, no site Ius Lusitaniae - v. aqui:

http://www.iuslusitaniae.fcsh.unl.pt/verlivro.php?id_parte=102&id_obra=63&pagina=1227

Cordiais saudações.

Neoarqueo said...

Pedro, também em outros fora manifestei idêntica opinião, no sentido de ser totalmente descabida a feira Medieval de Mangualde. Porém, a intenção da CMM é dar ao "povo" animação, "embriagá-lo com folia". São as técnicas mais utilizadas por quem tem uma visão curta do que é Poder e Cultura. E viva o Rei,medievel claro.

Unknown said...

A ideia era essa … assim nunca vamos conseguir crescer como seres humanos conscientes do nosso passado.

Abraços