Tópicos: Romanos em Quintela de Azurara; Judeus em Real?
Hoje por questões de saúde não trabalhei e tendo a tarde mais vaga decidi rever dois elementos patrimoniais de duas freguesias em que tenho trabalhado.
Romanos em Quintela de Azurara
Quintela de Azurara possui diversos vestígios da ocupação romana (veja-se http://quinteladeazurara.no.sapo.pt/vestrom.html) que indicam a possível existência de um vicus (uma pequena aldeia) naquela época. Hoje voltei a observar uma área que foi identificada durante o inventário dos bens culturais da igreja paroquial em 2004. Trata-se de uma ara dedicada a IOM (Iupiter Optimo Maximo) o deus dos deuses romanos, por um tal de Asbinus ou Alcbinus e aqui é que está o cerne da questão. Pois não se consegue ler bem o nome e quer uma ou outra solução não tem paralelo. Bem tentei hoje descurtinar mais alguma coisa mas não consegui.
Fotografia em: http://quinteladeazurara.no.sapo.pt/vestrom.html
Judeus em Real?
Na parede da futura Casa de Apoio Social encontram-se duas gravuras rupestres que me despertaram a atenção depois de ter visto um “post” de 06-03-2006 no blog “Judeus em Fornos de Algodres” (http://judeusterrasdealgodres.blogspot.com). Noutras casas da aldeia de Real encontram-se algumas outras gravuras rupestres com cruciformes (símbolos em forma de cruz) e até pinturas destes símbolos em utensílios agrícolas. Apesar da nossa formação em Arqueologia, não nos aventuramos a indicar uma cronologia ou uma origem e funcionalidades concretas para este tipo de vestígios arqueológicos.
Fotografia em: http://cduemreal.no.sapo.pt/terra.html
Estes dois elementos patrimoniais têm um aspecto em comum, foram alvo da ignorância dos seus proprietários que os colocaram em situações precárias.
No primeiro caso, esta ara foi encontrada a servir de base a um arranjo de flores na tribuna do altar-mor com cimento como marca das últimas obras na igreja, durante as quais foi encontrada.
No segundo caso, as gravuras estavam numa casa velha e foram agora embutidas na fachada da futura “Casa de Apoio Social”, onde estão à mercê dos agentes climáticos.
Como prevenir estas situações?
Primeiro de tudo através de acções consertadas de levantamento e inventário do património cultural e, simultaneamente, de sensibilização da população para a preservação do seu património!
Depois pelo cumprimento da Lei pelos responsáveis autárquicos. A Lei n.º 159/99, de 11 de Setembro e a Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro empurrou para as autarquias locais um papel importante na salvaguarda do património cultural não classificado ou classificado como de Interesse Municipal, no entanto poucos têm sido os investimentos por parte das autarquias nesta área. Ou então são investimentos pontuais neste ou naquele monumento, nesta ou naquela acção dispersas no espaço e no tempo que não constituem uma política integrada e concertada de salvaguarda do património cultural.
Esperemos que a regulamentação da Lei n.º 107/2001 e a nova lei de competências das autarquias locais venha dar um novo fôlego às autarquias locais com o apoio do Estado.
Se existe um programa chamado “Rede Social”, que fez brotar nos concelhos as “Redes Sociais” ou o das Florestas, que fez brotar os Gabinetes Técnicos Florestais, porque não existir um programa semelhante para o Património Cultural que fizesse brotar “Gabinetes Técnicos de Património Cultural”. Um GTPC bem apetrechado e com mobilidade e financiamento autónomos e com quatro técnicos a tempo inteiro (arqueólogo, historiador de arte, arquitecto e arquivista, com formação base em história) e apoio administrativo adequado conseguia num horizonte temporal de 4 anos implementar uma eficiente política de salvaguarda do património cultural quer no caso do concelho de Mangualde, quer no de Penalva do Castelo.
quinta-feira, 31 de agosto de 2006
Ribeira, 30 de Agosto de 2006
Partilhada por PPN à(s) 8/31/2006 01:29:00 da tarde
4 Comments:
Meu caro amigo, fico muito satisfeito pelas suas descobertas, Sao interessantes essas gravacoes, e embora haja gente que as ponha em causa, uma grande maioria dos estudiosos, relacionam-as com cristaos-novos, Portanto judeus convertivos.
Espero ardentemente que as conservem, pois sao parte do passado das nossas gentes.
Se consultar os meus arquivos de Marco, vera que nas entradas de 4 e 16 desse mes, me referi a gravacoes identicas a essas, e, que eu descobri no principio de fevereiro.
Analizando melhor a ara, nao sera:
ALBINUS?
Se fosse eu sentir-me-ia muito honrado.
Caro Albino
no texto eu refiro um dos seus "post" de março.
Quanto ao albinus foi a primeira hipótese que coloquei, pois existem em penalva albinus. mas não me parece.
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