sexta-feira, 20 de abril de 2007

7 Maravilhas de Mangualde: um concurso limitado



Foi lançado no dia 18 de Abril até 7 de Julho o Concurso 7 Maravilhas de Mangualde, pela Câmara Municipal de MAngualde. Eis alguns comentários que nos saltaram logo ao participar no concurso.

1. Acessibilidade ao Concurso.
A possibilidade de participação deveria ser mais alargada. Deviam ser usados os jornais locais como meio de divulgação. Quantos assinantes dos jornais locais gostariam de participar nesta iniciativa e que não poderão por não terem acesso à Internet?

2. O concurso não deveria ser fechado.
Ou seja as pessoas deviam ser livres de votar nas maravilhas que quisessem e não apenas nas 44 expostas, até porque existem lacunas, nosso entender (ver ponto 4). Ao pedir-se às pessoas que ao votarem indicassem uma maravilha e respectiva justificação estar-se-ia a aferir a percepção que as pessoas têm do seu Património Cultural e como o valorizam. O que possibilitava à Câmara Municipal depois de tratar e validar esses dados reprogramar a sua politica de actuação na área do Património Cultural.
3. Textos de apresentação das maravilhas.
No site devia estar explicito que ao clicarmos nos nomes das maravilhas teríamos acesso a mais informação e fotos das maravilhas. Os textos mais não são do que citações de obras já publicadas. Em alguns casos, com certeza por lapso, não foi indicada a referida autoria do texto.
Por outro lado existem textos que não indicam nenhuma característica que possam indicar a respectiva maravilha como tal ou contêm informações sintéticas e com lacunas, veja por exemplo o texto sobre o Colégio de S. José. O actual edifício é uma maravilha por ser “de sóbria arquitectura mas de grande porte que cumpriu uma missão de ensino e hoje cumpre ainda como Instituto Superior de Ciências Educativas”. De referir que a maior parte do edifício de arquitectura sóbria e que surge nas fotografias não é ocupado pelo ISCE, mas sim pela Associação Nacional de Professores, pela Associação Cultural Azurara da Beira e pala Escola do 1º ciclo do Ensino Básico.

4. A lista apresentada é bastante redutora.
Na lista apresentada encontra-me lacunas. Três dos imóveis, sítios e conjuntos classificados não estão na lista (Complexo rupestre da Quinta da Ponte, Espinho, a Casa de Pinheiro, Mangualde, e Casa de S. Cosmado, Mangualde). De notar que o complexo rupestre da Quinta da Ponte é o único que se conhece no concelho e pode ser visitável por se encontrar em terreno baldio, infelizmente sem uma boa sinalização de localização. Por outro lado existem maravilhas repetidas. Vemos o Castro do Bom Sucesso e a Paisagem do Castro do Bom Sucesso. Nos termos da Lei de Bases do Património Cultural dos monumentos fazem parte toda a sua envolvente, ou noutros termos a paisagem. Eu até diria que um castro sem paisagem não é castro!
Assim como, há freguesias que não têm nenhuma maravilha: Cunha Alta, Freixiosa, Lobelhe do Mato, Moimenta de Maceira Dão, São João da Fresta e Várzea de Tavares. O que dirão os habitantes destas freguesias ao querem votar numa das suas maravilhas, que com certeza as terão.
A Cunha Alta por exemplo tem uma Igreja Matriz com diversos traços do estilo românico, apesar das obras que foi sofrendo e lhe alterou os traços. Em Lobelhe do Mato a Capela da Sr.ª das Neves bastante antiga, ainda mais que a Igreja das Almas de Mangualde, que consta da lista. Outro exemplo é a graciosa Igreja Matriz de Várzea de Tavares que encerra séculos de história.
5. Um conselho
Quando se lançam estes concursos que mexem com o que é mais caro às populações, a sua terra, deve-se ter o cuidado de ser mais neutro na selecção que se faz. Não basta pegar em três ou quatro livros e tirar de lá tudo o que é referido, mesmo com erros.
Há que, neste caso, conhecer o concelho, pois só assim se perceberia que nunca se poderia lançar um inquérito fechado, porque maravilhas espreitam por todo o concelho, basta já ter calcorreado o concelho para perceber que para além das maravilhas espertarem por todo o lado, o que para mim é uma maravilha para outros poderá não ser. Quantas maravilhas fui encontrar por esse concelho quando procurava por sítios arqueológicos a populares e eles diziam aí apareceram uns cacos há anos, mas olhe o melhor da nossa terra são as canadas, ou os abrigos, ou esta ou aquela capela, ou umas alminhas mais trabalhadas, ou um afonte de chafurdo, ou esta ou aquela lenda, ou este ou aquele tipo de artesanato (já enquadráveis no chamado património imaterial).
Esperemos para ver os resultados e a reacção da população a este concurso.

1 Comment:

Al Cardoso said...

Felizmente existem pessoas como o meu amigo, atentas a estas coisas, e que pena nao lhe darem mais ouvidos!
Ainda bem que referiu a Igreja Matriz de Varzea de Tavares, e talvez das igrejas de fundacao romanica, menos modificadas no concelho de Mangualde.
Pessoalmente e uma igreja a que de certa forma estou ligado, pois encontra-se na sua fachada o brazao dos "Cardoso"!

Um abraco de amizade.

Ps. Ja lhe respondi a sua questao no "D'Algodres".