segunda-feira, 26 de novembro de 2007

As vias dos concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo em 1856

(Clique na imagem para aumentar)


No Arquivo Histórico das Obras Públicas, em Lisboa, encontra-se um “Mappa Chorografico das estradas do districto de Viseu que devem ser melhoradas segundo o decreto de 26 de Julho de 1843”, datado de 12 de Outubro de 1856 e elaborado por Valentim José Correia.


Neste mapa podemos ter uma noção das principais estradas que atravessavam os concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo.

De Viseu partiam duas vias principais, uma entrava no concelho de Mangualde pelos Banhos de Alcafache e outra pela Ponte de Fagilde. A primeira dirigia-se a Vilar Seco, Nelas e atravessava o Mondego até Seia. A segunda rumava a Fornos de Algodres, passando por Canedo do Chão, Passos, Quintela de Azurara, Corvaceira, Vila Cova de Tavares e passava a Ribeira da Canharda na zona de Alpaioques. Em Quintela de Azurara existem dois topónimos que recordam a passagem desta estrada real, o “Caminho Largo” e o “Carril”. Em Alpaioques, até à construção da A25, existia junto da Rib.ª da Canharda um bom troço de lajeado, já no lado de Fornos de Algodres.

Desta Estrada Real saiam dois ramais principais, um que servia Mangualde e voltava a entroncar nesta estrada entre os Matados e Vila Cova, com um trajecto similar à da actual EN 16, excepto na última parte do percurso; e outro que servia as aldeias do concelho de Penalva do Castelo, localizadas na margem direita do Rio Ludares, Germil, Lamegal, Abogões, Real, Casal das Donas, Pousadas, Marreco e Antas.
Na Roda ainda existe um marco datado de 1820 indicando o local por onde passava a estrada para Mangualde.

Existiam, ainda, múltiplos caminhos que ligavam as diversas povoações dos dois concelhos a estas vias principais.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Parabéns (atrasados) à BMM


A Biblioteca Municipal de Mangualde Dr. Alexandre Alves comemorou ontém 10 anos.

Nesta data lançou o seu novo sítio na Internet em: http://biblioteca.cmmangualde.pt/

domingo, 18 de novembro de 2007

Epigrafe de Fornos de Algodres que afinal é das Antas!

Aos bloguistas Al Cardoso e Nuno Soares, de Terras de Algodres

Em 1911, Diogo Augusto Lemos, morador nas Antas, concelho de Penalva do Castelo, informava Leite de Vasconcellos da descoberta de uma pedra com letras numa capela desmoronada.

Leite de Vasconcellos, vendo que se tratava de uma ara romana, pede que seja oferida ao Museu de Belém, o que acontece, e onde permanece até hoje.

Nas "Relegiões da Lusitânia" (vol. 1, p. 225, nota) Leite de Vasconcellos publica a ara como tendo sido encontrada em Fornos de Algodres, e desde essa data tem sido sempre referenciada como encontrada nesta vila beirã.

Na verdade, como já referimos, ela foi encontrada em Antas, concelho de Penalva do Castelo, e a par de outra ara recentemente dada a conhecer, constituem os únicos vestígios do período romano desta freguesia.

Esta informação foi obtida durante o projecto que desenvolvi no âmbito da Associação Cultural Azurara da Beira, denominado "Os concelhos de Mangualde e Penalva do Castelo no Epistolário do Dr. Leite de Vasconcellos".
As cartas enviadas por Diogo Lemos a Leite de Vasconcellos encontram-se no Arquivo José Leite de Vasconcellos depositado no Museu Nacional de Arqueologia (Arq. JLV, CoR, 1765).
Alguns resultados preliminares foram já divulgados numa comunicação apresentada no IV Congresso de Arqueologia Peninsular, em 2004, estando para breve a edição das actas da respectiva sessão.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Torre de Gandufe vai (está a) ser valorizada



A Torre de Gandufe, na aldeia homónima da freguesia de Espinho, Mangualde, é a única torre senhorial que sobrevive no concelho de Mangualde.


A Câmara Municipal de Mangualde contratou com a empresa ArqueoHoje a valorização deste imóvel, cuja classificação se encontra em estudo.


Os trabalhos a desenvolver pela ArqueoHoje serão:


  1. Tratamento e Consolidação das Estruturas

  2. Sondagens arqueológicas de diagnóstico

  3. Colocação de um marco urbano com texto explicativo (idêntico ao da muralha romana de Viseu na R. Formosa)

  4. Edição de um desdobrável

A Equipa responsável pelos trabalhos será constituída por Lúis Filipe Coutinho Gomes, João Miguel André Perpétuo; Joaquim Ascenção Pereira dos Santos Garcia, Filipe João Carvalho dos Santos; Rui Filipe Mendes Barbosa.


Esperemos que outros sítios arqueológicos do concelho venham a merecer a atenção da autarquia mangualdense.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Pe. António Pinto Lobinho (20-01-1944 / 02-11-2007)

Aqui fica a minha homenagem ao Pe. António Pinto Lobinho.

Pessoa que conheci em 2004 e com quem partilhei momentos de fraternidade cristã.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Feira dos Santos: Febras ou Marrã?


Há cerca de um ano, num blog de Mangualde, comentando um post sobre a Feira de Santos disse o seguinte:
Passei hoje por Mangualde. Só vi placas a indicar febras. Nem Feira dos Santos, nem Mostra de Artesanato tiveram direito a placas. Será que já mudaram o nome à Feira? Eu sempre conheci como Feira de Santos ou da Marrã!

Logo três pessoas disseram que sempre a conheceram por Feira das Febras, uma havia pelo menos 46 anos, outra havia mais de 50 anos, e outra a tempo indeterminado.
Um deles, com o seu humor característico, disse: Deve ser coisa ancestral, quiçá neolítica, sei lá. "Marrã" é que nunca ouvi.
Outro deles questionou a minha origem mangualdense e disse: Meu amigo, feira dos santos ou das febras ou feveras, sim, o resto mais uma demagogia do contra. Deve consultar o ortopedista.
A este último respondi o seguinte:
Sou de Penalva do Castelo, de uma aldeia para cá do Ludares, a Ribeira, freguesia de Real. Os meus pais sempre me falaram desta feira como sendo dos Santos ou da Marrã, que era a carne que se ia comer. Ainda ontém confirmei isto com eles. E o curioso é que esta semana esteve lá em Casa, em Lisboa, um senhor a compor um electrodoméstico, que é de Cativelos, e lhes disse que ia comer a marrã a Mangualde este fim de semana!

Na altura prometi ao autor do Blog que caso encontrasse algo escrito lhe enviava. Já o fiz, mas aproveito para colocar agora aqui uma foto da notícia do Notícias da Beira sobre a Feira dos Santos de 1963 (a qualidade não é muito boa, mas consegue-se ler).


No Notícias da Beira encontramos várias referências à marrã nas notícias referentes à Feira de Santos:
Em todo o caso fizeram-se muitas e variadas transacções, especialmente da tradicional "marrã", pois foram abatidas algumas centenas de cevados. (NB, 441, 10-11-1947).
O facto imprimiu ao ambiente um ar de grande entusiasmo e movimento em todos os sectores do mercado, tendo-se realizado importantes transacções, principalmente de marrã, sendo abatidos mais de 500 suínos! (NB, 801, 10-11-1962).

Destaca-se ainda a venda de carne de suíno (marrã) pois além do consumo que nesse dia se repista nos restaurantes e nas pitoresas bancas... (NB, 824, 1963).




Apenas na década de 70, principalmente no pós 25 de Abril, deixa de haver referências à marrã e passam a ser referidas as febras.



Para quem não saiba o termo marrã designa a bácora que já deixou de mamar ou simplesmente a sua carne. O termo é bastante antigo e aparece no Foral manuelino de Tavares (10-02-1514). O bácoro ou a sua carne era chamado de gorazil (termo que também surge no Fora de Tavares). Com o tempo o termo gorazil caiu em desuso e o termo marrã passou a designar genericamente a carne fresca de porco ou porca.
Em Mogadouro, por exemplo, a Feira anual chama-se Feira dos Gorazes, mas as pessoas dizem que comem a marrã!